domingo, 20 de setembro de 2009

Novos capitulos de Jeitosinha!

Capítulo XII - Pretensões de Arlindo

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Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação de
seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o
ódio em eu oração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu
amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo!
- Você quer que eu me prostitua?
- Sim. - confirmou oirmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um
bordel de luxo aqui perto de casa...Pessoas exóticas como você podem
ter um bom valor no mercado.
- M-mas... Eu sou virgem! Sou inocente! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.
- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.
Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou
em seguida, curioso para saber o que acontecera. Jeitosinha
contou resumidamente a história.
- Mas não pode ser! Você precisará matá-lo também! - reagiu o enrustido,
batendo o pezinho nervosamente.
- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do
corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério - disse Jeitosinha,
recompondo-se.
- Então você...
- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos
caprichos de Arlindo. E pode ter certeza: amanhã estarei mais pronta do que ele
pensa!
***
Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite ao
apartamento do Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero,
sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
- Você destruiu a minha vida! - Lamentou o jovem.
A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa
explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse
esboçar qualquer reação.
Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de
que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas
no coração de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...
No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor,
a loira acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não foi retribuída.
- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais
sugeria um lamento que um elogio.
- O que você achou da noite, meu amor?
- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo
coisas que nunca imaginei ser capaz...
- Calma, amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao meu
lado. Vamos conversar melhor sobre isso...
- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça, podemos até
conversar. Mas sentar eu não consigo...
Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar?
Confira o próximo e emocionante capítulo de "A SAGA DE JEITOSINHA"





Reconciliação de Jeitosinha e Bruno
Capítulo XIII


A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou a Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.
Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.
- Onde você estava? Perguntou Marilena.
Jeitosinha ignorou a abordagem.
- Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso... Insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz.
A resposta da filha foi carregada de ironia:
- O que poderia preocupá-lo, mamãe? O risco de que eu perca a virgindade ou volte grávida para casa?
Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com um gesto brusco.
- Não me encoste! Eu odeio você!
Um fio de lágrima escorreu pela face esquerda da sofrida mãe.
- Querida... Você é tão jovem... Tem uma vida pela frente! Ainda a tempo de encontrar a felicidade...
- Como eu poderia ser feliz? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem!
- Veja o lado positivo...
Tentou consertar Marilena.
- Você não tem tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de boate... Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum homem que a aceitara como você é!
- Sim.
Conjeturou Jeitosinha.
- “Este homem talvez seja Bruno. Mas como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor?”
Ela pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para enfrentar sua primeira noite no bordel de luxo. Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia naquele corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.
Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada. Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo, impedindo-o de dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, as duas portas do carro foram abertas, e o casal foi retirado de dentro do veículo por mãos poderosas. Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores: eram homenzinhos verdes vestindo estranhos macacões prateados.

Jeitosinha e Arlindo nas mãos de ETs!
Confira no próximo e emocionante capítulo!
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#25
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Jeitosinha e Arlindo nas mãos dos Ets.
Capítulo XIV


Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros minutos, aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho. Mas, a medida em que as imagens ganharam contornos e cores é que aflorou em sua mente a lembrança dos últimos momentos no carro.
Um indescritível pânico tomou conta de nossa heroína. Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a uma chapa metálica, quase verticalmente. A sala estava deserta, mas, minutos depois, duas das criaturas verdes entraram no ambiente. Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que aqueles seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta condição. Usando um estranho aparelho, que acoplado a boca do extraterrestre funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais se dirigiu ao casal.
- Creio que lhe devemos explicações...
Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo.
O homem verde continuou:
- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos toda a nossa galáxia, mas estamos condenados à extinção.
Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o ET narrava sua história. Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não conseguiu contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente inferior de mulheres, numa comparação com o número dos homens. Pelos cálculos dos cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a não ser que se encontre uma alternativa para se reverter o quadro.
- Numa análise superficial.
Continuou a criatura.
- Percebemos que talvez fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a idéia se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e levar conosco as mulheres. Minha missão veio a Terra com o propósito específico de analisar a anatomia feminina, abortar ou autorizar a operação.
O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.
- Mantivemos você sedada por seis horas.
Disse, dirigindo-se a Jeitosinha.
- E descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante parecidas com os homens.
Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria: ao ser confundida com uma mulher, sem querer ela havia salvado a raça humana da destruição total!
- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. Encerrou o ser.
Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoção, Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo:
- Você entende, Arlindo? Minha vida tem um sentido! O que são nossas rusgas do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora?
Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.
- É, irmã. Foi bom. O dia está nascendo e devemos voltar para casa. Mas como a vida continua, amanhã você estréia no bordel.

O que estes ETs vieram fazer na história?
Será que se foram da mesma forma estúpida com que entraram?
Confira no próximo e emocionante capítulo!
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#26
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O júbilo de Jeitosinha
Capítulo XV


O júbilo de Jeitosinha durou pouco. Se num primeiro momento a idéia de ter salvado a humanidade era alentadora, horas depois o que a fantástica experiência lhe causava era mais revolta e dor. De que adiantava ter salvado o mundo, se não obteria pelo seu ato qualquer tipo de reconhecimento? Para o restante da humanidade, ela continuava sendo aquele ser anacrônico, discriminado por fugir dos padrões.
Só uma pessoa na cidade estava se sentindo mais angustiado: Bruno. Num bairro distante, trancado em seu apartamento, o pobre rapaz refletia sobre a grande (bota grande nisso) emoção que sentiu em sua primeira noite de amor com Jeitosinha.
-"Será que eu gostei porque era a minha amada?" Perguntava-se.
-"Ou será que tamanho prazer adveio do fato de que tratava-se de um homem? Sou hetero ou gay?"
- Quem é você? Gritou Bruno angustiado, olhando sua imagem no espelho.
Sentia-se sujo. Seus desejos o incomodavam, como se ele tivesse experimentado a fruta do pecado. Mas sabia que Jeitosinha era uma vítima, como ele. Ele podia entender que a namorada era um modelo de virtude e pureza, e que seu gesto, ao seduzi-lo, era apenas uma grande manifestação de amor!
Por um momento, olhou para o problema sob outra perspectiva, muito menos dramática:
- “Sim, Jeitosinha é pura. É a minha Jeitosinha. Em nome desta pureza vale a pena continuar com ela!”.
Concluiu.
- “Se ela fosse um travesti vulgar... Mas não! Ela foi criada como uma mulher, sob rígidos padrões morais!”
Quem sabe se eles ainda pudessem ter uma vida junta, mantendo a condição de Jeitosinha em segredo?
Num fragmento de sonho, Bruno se viu casado com ela, vivendo grandes noites de amor e criando duas crianças adotadas, Cléverson Luís e Suelen Aparecida, como se fossem seus filhos biológicos. Pensou em procurar a sua doce amada naquele mesmo momento e propor a realização do casamento, tão desejado em tempos menos complicados. Mas antes precisava enfrentar seu próprio demônio interior. Precisava saber se o que sentiu naquela noite mágica foi amor ou pura volúpia. Precisava, enfim, fazer amor com outro travesti e colocar-se a prova!
Bruno resolveu que aquela noite iria a um bordel atrás de respostas. Iria buscar reviver, com uma vulgar criatura da noite, emoções tão... Hã... Grandes quanto a que viveu com sua inocente Jeitosinha.

Mal poderia imaginar a grande surpresa que o esperava...
Confira no próximo capítulo!
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#27
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A Grande Surpresa
Capítulo XVI


Bruno havia bebido a tarde inteira, buscando no álcool a coragem necessária para por a prova sua masculinidade. Por isso mesmo, a imagem de Jeitosinha, naquele bordel de luxo, observando-o em pleno ato de amor com um travesti, pareceu uma alucinação ou um sonho.
- Amor... Não é nada disso que você está pensando! Disse o rapaz, sem muita inspiração.
Depois, recuperando a sobriedade, foi tomado por um tipo diferente de perplexidade.
- Mas... Espera aí... O que você está fazendo aqui? Perguntou Bruno à sua amada, enquanto a prostituta, prevendo o barraco, saia de fininho.
Cheia de revolta, Jeitosinha disse a primeira coisa que lhe ocorreu para ferir Bruno:
- O que lhe parece? Pelo visto você prefere as morenas... Mas, nós as loiras somos boas demais na arte de enlouquecer os homens...
- Não pode ser, meu amor... Diga que é um sonho... Belisca-me para eu sentir dor e acordar!
- Depois do que eu vi pela fresta da porta, tem certeza de que não tem nada doendo aí? Alfinetou jeitosinha, cheia de ironia.
- Não! Você não! Não pode ser! Não pode ser!
Bruno puxava os próprios cabelos com violência e rolava pelo chão num desespero patético.
Jeitosinha apenas jogou os cabelos longos para o lado, com aquele gesto superior com que as loiras costumam descartar os simples mortais, e retirou-se do ambiente. Seu coração por dentro estava em frangalhos, mas o que Bruno viu foi à imagem de uma mulher fria.
Com passos precisos e a elegância de um modelo, Jeitosinha atravessou o corredor e voltou ao escritório de Madame Mary. Lá dentro, tombou de joelhos e começou a chorar.
- Não pode ser, Madame Mary... Meu amado Bruno... Um homem tão puro e íntegro... Aqui! Com aquela... Aquela...
A certeza de que não era tão diferente da exótica morena impedia Jeitosinha de achar a palavra certa.
- Os homens são todos iguais, minha criança.
Disse Mary, acariciando a loira.
- Uns animais capazes de qualquer coisa por um momento de luxúria. Eles nunca saberão o que é o amor verdadeiro. É justamente isso que torna tão fascinante a nossa arte de sedução...
Jeitosinha levantou os olhos e, agarrando-se as pernas da misteriosa mulher, implorou:
- Ajude-me, Madame! Ajude-me a ser como você!
- Claro, querida... Claro...
Madame Mary sabia que tinha nas mãos um diamante em estado bruto. Um diamante pronto para ser lapidado na dor de um coração partido.
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#28
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Bye bye Ets
Capítulo XVII


- O que você andou fazendo a tarde inteira? Perguntou um dos membros da equipe ao chefe da expedição, um cientista brilhante em seu mundo.
- Nada demais... Encontrei os restos de um humano esquartejado e, só para me distrair, o trouxe de volta à vida... Disse, apontando uma figura no canto do laboratório.
Toda a tecnologia dos homenzinhos verdes não foi suficiente para impedir que, visualmente, o resultado final ficasse sofrível.
Mas era possível reconhecer, naquele homem repleto de cicatrizes, as feições de Ambrósio.
- Ele recuperou a memória e a razão?
- Está um pouco confuso ainda... Disse o cientista.
- Talvez nunca volte a ser o que era antes, mas foi divertido brincar de Deus e inverter a ordem natural das coisas, antes de deixar definitivamente este mundinho atrasado. Sabe-se lá o que este monstro fará nesta sua volta à vida...
A nave deixa o homem a beira da estrada deserta e levanta vôo rumo ao infinito.
Não muito longe dali um cabisbaixo Bruno faz seu caminho de volta para casa, ainda entorpecido pela descoberta de que sua doce Jeitosinha era uma garota de programa. Como se não bastasse, sentia a confusão mental causada pela percepção de que sua experiência com o travesti no Bordel foi totalmente inconclusiva. Até o momento em que Jeitosinha interrompeu o ato sexual, ainda não havia encontrado prazer. Mas era difícil saber como a coisa iria terminar.
Bruno não tinha pressa para chegar a lugar nenhum. Precisava pensar e, talvez involuntariamente, acabou passando em frente à casa de Jeitosinha. Sentiu um nó no coração ao ver a janela do quarto da moça. Saudades de um passado perfeito e uma profunda revolta por sentir que um futuro feliz havia sido abortado.
- Bruno?
Por um momento pensou ser Jeitosinha, mas a voz que vinha da varanda escura da casa era mais grave.
- Adenair?
- Sim...
Disse o suave irmão da loira, aproximando-se.
- Você não parece bem... Quer conversar?
Bruno encarou Adenair. Ele nunca havia percebido o quanto o rapaz se parecia com Jeitosinha!
- Não creio que você possa me ajudar...
- Talvez eu possa... Respondeu o moço, com a voz tremula de emoção e desejo.

Será que Bruno e Adenair... hummm... Será?
E Ambrósio? Vai querer vingança? Não deixe de ler o próximo capítulo!
Será que Bruno e Adenair são...
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#29
Antigo 27-09-2007, 8:37
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Será que Bruno e Adenair são...
Capítulo XVIII


Ambrósio não conseguia se lembrar exatamente quem ele era. Imagens confusas de um travesti loiro com uma moto serra lhe vinha a mente, enquanto ele reconhecia alguns trechos do caminho. Acabou chegando até a porta de sua casa, mas não teve coragem de entrar, especialmente porque não tinha a menor idéia de que lugar era aquele. Viu que dois homens jovens conversavam, sentados num banco da varanda. O dia estava quase nascendo. Do outro lado da rua, Ambrósio reconheceu algo de familiar naquele rosto. Mas quem seria? Aliás, quem seria ele mesmo?
O homem subitamente percebeu que sequer podia lembrar-se de sua própria face. Procurou algum vidro ou espelho onde pudesse se ver refletido. Numa grande e quieta poça de água, viu sua cara monstruosa. Com um grito aterrador correu rumo a um matagal próximo. Estava confuso e com medo.
Bruno e Adenair ouviram o grito, mas não deram muita importância.
- Você pode se abrir comigo, Bruno. Sei tudo a respeito de Jeitosinha.
- Tudo? Surpreendeu-se.
- Sim... Ela é uma vítima, tanto quanto você...
Pelo comentário, Bruno percebeu que talvez Adenair não soubesse que a irmã era uma prostituta.
-"Se ela conseguiu me enganar, porque não enganaria o irmão?" Perguntou-se.
Tombando diante da pressão, Bruno chorou convulsivamente. Adenair puxou-o em direção ao peito, abraçando-o e acariciando seus cabelos. Bruno pôde perceber que o toque e o suave perfume do rapaz lembravam muito os de sua irmã. Sentiu-se confortável por alguns minutos. Enxugando as lágrimas, Bruno viu bem de perto os olhos de Adenair, tão parecidos com os de Jeitosinha. Só então se deu conta de que algo estranho acontecia ali, o apoio que estava recebendo, mais físico e mudo do que um simples diálogo, não é comum entre os homens.
- Adenair, porque você me abraçou deste jeito? Perguntou, temendo resposta.
Num matagal a poucos metros, Ambrósio começava a se dar conta de quem era. Talvez por um bloqueio, causado pela morte violenta ou pelo processo utilizado para trazê-lo de volta à vida, não associava o travesti loiro a sua amada Jeitosinha. Mas já sabia que ele era o chefe daquela casa que reconhecera, e que estava deformado por alguma terrível razão, a mesma pela qual sentia-se impelido a manter-se escondido.
Na varanda da casa, Adenair começava sua revelação. Cada palavra pronunciada doía como um parto.
- Bem, Bruno... Também tenho um segredo...

Será que Bruno e Adenair... Hummm... Será?
E Ambrósio? Vai querer vingança?
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São ou não são?
Capítulo XIX


- Bruno, eu sempre te amei...
A declaração de Adenair, um desabafo cuspido pelo seu coração angustiado, deixou o sofrido namorado de Jeitosinha perplexo.
- Não, Adenair... Não é possível! Você é...
Como completar a frase? O que era Adenair? O que era Jeitosinha? Quem era ele? Quantas certezas jogadas fora! Quanta boiolice* repentina, transformando sua vida num filme de Almodóvar!
- Durante muito tempo sofri em silêncio. Achei que nunca teria coragem de me expor. Mas desde que soube da condição de Jeitosinha, e percebendo que você ainda gosta dela, vi que por mais difícil que seja, meu sonho não é impossível. Dê-me uma chance! Você vai me amar também!
- Você não entende, Adenair? Jeitosinha é diferente! É uma mulher quase completa!
- Não tente se enganar, Bruno...
Respondeu Adenair.
- Será que no fundo do seu coração você não tinha a percepção de quem ela realmente era? Você pode afirmar com certeza que é heterossexual?
Ainda traumatizado pela experiência recente, Bruno percebeu que talvez Adenair tivesse razão. Mas ele não se sentia apto a penetrar o lodo de suas emoções. Reagiu rejeitando, com convicção a hipótese de que fosse gay.
- Sim, Adenair. Sou heterossexual. Aliás, estou farto de tanta farsa e dissimulação. Quero encontrar uma mulher de verdade, que não me surpreenda com nenhuma protuberância antinatural!
Bruno deixou para trás um Adenair magoado e arrependido. Sabia que desejava muito aquele homem, sentia-se mal por tê-lo provocado com palavras e estava disposto a qualquer sacrifício para tê-lo ao seu lado.
- “Você quer uma mulher de verdade, Bruno”? Murmurou para si mesmo, já que o homem se afastara em passos rápidos.
- “Pois eu serei uma. A mais bela, completa e exuberante que você já viu”!
Adenair dormiu pouco aquela noite. Na manhã seguinte, procurou a velha dona Nair, parteira e amiga da família. Sem constrangimento, o rapaz contou à mulher o seu drama e lhe fez um pedido inusitado:
- Preciso mudar de sexo. Preciso me tornar uma mulher. Mas não tenho dinheiro, dona Nair! Por favor, me ajude!
A velha coçou sua cabeça grisalha.
- Sei lá, menino... Nem cesariana eu consigo fazer, quanto mais extrair uma bingola.
Adenair cobriu o rosto e chorou convulsivamente.
- Mas eu conheço um médico que atende pelo SUS**...
Os olhos do rapaz subitamente brilharam de esperança:
- Me leve até ele! Leve-me até ele!


Troca de sexo pelo SUS**? Bom, não me xingue...
Não deixe de ler, mais um capítulo de sua “Jeitosinha”!

- * - Boiolice - Paneleirice
- ** - SUS - Sistema Unificado de Saúde.









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