segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Veja um pouco da nova novela da Record:

A nova novela da Record, "Bela, a Feia", respira clichê, mas neste caso é um acerto. A franquia iniciada com uma novela colombiana e que se tornou um enorme sucesso com a minissérie "Ugly Betty" é mesmo baseada em um amontoado de caricaturas e situações previsíveis.

Moça feia, mas boa e inteligente, vai trabalhar como secretária de um bonitão, mas irresponsável, em empresa sofisticada do mundo da moda e cheia de mulheres bonitas. Sua aparência desajeitada é motivo de chacota, mas ela vence com sua dedicação e competência e, de quebra, lá pelo final, vai revelar-se um cisne.

Aqui, ela se tornou Bela, em vez de Betty. Em vez da poderosa revista de moda da série americana, Bela vai trabalhar em uma agência de publicidade na versão da Record (de seg. a sex., às 20h30; livre) e ganhou como protagonista Gisele Itiê, que até que se sai bem em um papel cômico.

A versão, por ora, imita bastante "Ugly Betty", o que, de novo, pode ser considerado um acerto. Afinal, relido para o formato de série foi que o roteiro original, sobre a história da patinha feia (e gorda) num mundo de homens e mulheres regidos pela vaidade e pela obsessão da beleza (e da magreza), ganhou um alcance pop mais amplo do que a novela colombiana.

Os escorregões são poucos - há, digamos, um excesso de latinidade na caracterização de Bela, o que faz sentido para a Betty de origem mexicana e que mora no Queens, mas nem tanto para a personagem brasileira. Podem, no entanto, ser creditados na conta do cômico.

Pelo jeito, essa pegada mais pop e, de certa forma, mais antenada com o mundo das séries vem se tornando uma espécie de marca da teledramaturgia da Record. OK, a saga dos mutantes se estendeu excessivamente, mas foi uma bola dentro.

De resto, a novela tem colorido e alarido; e algumas surpresas no elenco como Simone Spoladore, que, num papel entre Amanda e Wilhelmina, deve se sair bem como vilã, e Bemvindo Sequeira, simpático como o pai amoroso de Bela.

O que deveria, definitivamente, ser erradicado das telenovelas é o princípio de que o telespectador é débil mental. No capítulo de estreia, para deixar bem claro que o personagem Rodrigo é um playboy irresponsável e "bon vivant", foram preciso nada menos do que quatro cenas em que o ator Bruno Ferrari aparece em uma casa em Angra cercado de duas gostosas a sua disposição. Ah, e em todas tocava o mesmo trecho de sua horrível música-tema.