Capítulo IX - A grande surpresa ------------------------------------- Passava da meia-noite quando Jeitosinha voltou para casa. Seu álibi foi perfeito: consumiu as últimas horas estudando Geografia com uma amiga, como costumava fazer. Ela estava impressionada com a própria frieza: conseguiu concentrar-se nos livros e conversar amenidades, como se nada tivesse acontecido. Mas ainda sentia nas mãos o tremor da serra elétrica. Os gritos de Ambrósio continuavam ecoando em seus ouvidos. Eram sensações surpreendentemente gostosas. Arrependimento mesmo, só o de ter perdido o capítulo da novela das nove. "A mamãe eu matarei na hora do Jornal Nacional", jurou para si mesma. As luzes da sala estavam acesas. Viu pela janela os vultos de seus familiares. Entrou pela porta principal, preparando-se para fingir dor e desespero ao se deparar com os pedaços de carne e ossos de seu pai espalhados pela sala. Mas qual não foi o seu espanto ao perceber que não havia na casa um só vestígio de seu crime hediondo! Quatro de seus irmãos, inclusive Adenair, estavam assistindo TV, tranquilamente. Sua mãe havia se recolhido ao quarto. - Onde está o papai? - perguntou. - Foi pescar - respondeu Amarildo, o segundo filho de Ambrósio e Marilena. - Pescar? - Sim, deixou um bilhete com a mamãe, dizendo que resolveu na última hora e que volta amanhã à noite. As belas pernas de Jeitosinha estremeceram e ela sentiu uma estranha vertigem. Realmente seu pai era dado a estes rompantes e o sumiço não chegava a espantar ninguém em sua casa. "Será que tudo não passou de uma alucinação?", questionou-se. Mas não. Observando o revestimento plástico do sofá onde o crime havia acontecido, percebeu o cheiro de detergente e marcas de pano, que sugeriam uma limpeza recente. Jeitosinha puxou seu cúmplice, Adenair, até o quarto. - O que está acontecendo? - Eu é que te pergunto! - retrucou o irmão - Você não iria matar o papai? - Matei! Eu matei! Alguém escondeu os restos, limpou a sala e ainda deixou um falso bilhete para a mamãe! Adenair deu um gritinho ansioso e histérico. Jeitosinha esbofeteou-lhe a face e disse, resoluta: - Calma. Você já esperou mais de 20 anos. Não acho que seja a melhor hora pra soltar a franga... Aguardem próximo capítulo |
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Capítulo X - Mistério na casa de Jeitosinha ----------------------------------------------- Naquela manhã de segunda, a mãe e os sete irmãos sentaram-se juntos para o café, na longa mesa da copa. Era tradicionalmente o momento em que a família colocava seus assuntos em dia. Mas um silêncio incômodo pairava no ar. Jeitosinha sondou cada rosto, buscando em algum deles um sinal que indicasse quem teria escondido o corpo de Ambrósio. É claro que o pai não retornara da pescaria na noite anterior. Mas porque ninguém parecia se importar com o fato? Disfarçando o nervosismo, a moça arriscou perguntar à mãe: - O papai não voltaria ontem? - Sim, querida - respondeu Marilena - Mas ele ligou dizendo que uma ponte caiu e que eles estão isolados na vila onde foram pescar. - Era a voz dele, mãe? Tem certeza? - Que pergunta... Claro, minha filha. A ligação estava ruim, mal escutei o que ele dizia. Mas quem mais poderia ser? Arlindo, o ciumento irmão mais velho, esboçou um sorriso enigmático, que Jeitosinha rapidamente captou como um indício de culpa. "Sim! Arlindo! Só pode ser ele!", pensou. "Arlindo sempre desconfiou de que havia algo errado comigo. Ele nunca perdoou papai pelo carinho que me dedicava. Ele sabe, por alguma razão, que fui eu quem matou papai e apagou as evidências como parte de um plano de vingança! Mas porque esconder o corpo, em vez de simplesmente me entregar à polícia?". As perguntas atormentavam a mente limitada de nossa heroína loira. Ela voltou para o quarto, cobriu o rosto com o travesseiro e começou a chorar baixinho. No princípio, chorava por medo. Pela confusão que tomara conta de sua vida. Mas logo sua dor se transfigurou, e Jeitosinha passou a verter seu pranto por saudades do seu Bruno. Lembrava-se das mãos do amado percorrendo seu corpo. Sentiu um calafrio e uma onda de excitação só de imaginar o toque suave de seus dedos. Neste momento, abruptamente, Arlindo abre a porta. Jeitosinha ainda tem tempo de disfarçar as lágrimas. Mas não a ereção. - Ahá... Eu sabia! - Bradou o irmão, radiante, enquanto uma descarga de adrenalina fazia desaparecer do jeans apertado o volume comprometedor. Conseguirá Jeitosinha escapar da revolta de Arlindo? Confira mais tarde no próximo e emocionante capítulo! Última edição por Kenji[GM] : 27-09-2007 às 8:30. |
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Capítulo XI - A revolta de Arlindo -------------------------------------- - Você nunca me enganou, Jeitosinha... - a voz de Arlindo destilava revolta e ódio. - Vou contar teu segredo ao papai, assim que ele voltar da pescaria! Aliás, vou contar ao mundo! - Contar ao papai? - espantou-se a moça. Então, Arlindo não sabia que o pai estava morto! Não foi ele quem escondeu o corpo! Jeitosinha estava tão fragilizada que acabou assumindo sua bizarra condição ao irmão. - Sim, Arlindo. Sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem. Mas sou a maior vítima desta situação! Eu lhe imploro: não revele o meu segredo! - Não adianta, Jeitosinha... - retrucou o magoado Arlindo - Toda a minha vida brinquei com cavalinhos feitos de palitos de fósforo fincados em batatas, enquanto a princesa tinha os mais caros brinquedos. Toda a minha vida dormi espremido num beliche, com os pés do Amarildo tocando as minhas narinas, enquanto você tinha seu quarto e finos lençóis de seda... Arlindo agarrou Jeitosinha pelos braços e fitou o fundo de seus olhos. - Mas o que eu nunca vou perdoar mesmo foi aquela surra que levei quando descobri a verdade sobre você... -Arlindo tremia de rancor. - Mas nem eu mesma sabia! - Tentou defender-se Jeitosinha. - Chega! Chega de suas mentiras! - Arlindo virou-se em direção à porta. A irmã, desesperada, lançou-se ao chão e abraçou seus pés. - Não, Arlindo... Por favor! Eu faço qualquer coisa! - Qualquer coisa? - O tom do rapaz agora era mais suave. - Comece mostrando-se para mim. Quero vê-la nua! Relutante, Jeitosinha livrou-se de suas roupas e revelou seu corpo perfeito de mulher. Bem, quase perfeito. - Não é justo... - balbuciou Arlindo, apontando o apêndice que fazia de Jeitosinha um quadro surrealista - Até neste quesito você ganha de mim... - Por favor, não seja rude comigo... - O que? - espantou -se o moço - Você imaginou que eu quero tocar você? É ruim, hein? - Mas... O que você quer então? - Perguntou a moça, voltando a se vestir... - Você vai me render dinheiro, irmãzinha. Muito dinheiro! O que Arlindo pretende? Como Jeitosinha sairá dessa? Confira, no próximo e emocionante capítulo! |
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